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Marrakech ao longo de quase 1000 anos de existência, foi palco de várias mudanças políticas. Quase como que um jogo de mudança de capital de Marrocos entre Fes e Marrakech fez com que esta cidade se tornasse desde sempre, uma das mais importantes cidade do Norte de toda a África Ocidental.
Apesar de todas as dinastias terem marcado a cidade a nível arquitectónico, temos sem dúvida de mencionar a influência saadiana em Marrakech, já que estes reconstruíram a cidade numa altura que esta tinha perdido alguma importância e muitos dos seus monumentos estavam a ficar muito degradados.
Os saadianos são uma das 6 dinastias que reinaram em Marrocos entre 1554 e 1636 e cuja capital era Fez, mas também Marrakech desde 1603. Finalmente e enfraquecidos por conflitos dinásticos desde o início do século XVII, os saadianos gradualmente perderam o controle do país em favor de líderes locais e irmandades religiosas. Apresentamos nesta página, uma pequena lista dos monumentos de arquitectura saadiana em Marrakech.
Quando Marrakech foi capital:
- A cidade tornou-se a capital do Emirado Almorávida, um império eurafricano que se estendia desde as margens do rio Senegal até o centro da Península Ibérica e da costa atlântica marroquina até Argel.
- Marraquexe era, portanto, digna de abrigar a capital da maior potência do Ocidente muçulmano medieval, o Califado Almóada, que abrangia toda a região entre Córdoba e Trípoli, e da Andaluzia à Líbia.
- No início do século XVI, Marrakech tornou-se a capital do Sultanato Saadiano. Retornou rapidamente ao seu auge, especialmente durante o reinado dos sultões Mohammed El Mahdi e Ahmed al-Mansur Saadi. Graças à fortuna acumulada após a conquista de Timbuktu, Marrakech foi reconstruída e os seus monumentos em ruínas foram restaurados e vários palácios foram construídos.
- Em 1792, Marrakech tornou-se novamente a capital do reino com a Dinastia alauita, desta vez através de Moulay Hicham, reconhecido como sultão por esta parte do país, enquanto o seu irmão Moulay Sulayman foi reconhecido como sultão legítimo em Fez e arredores.
Arquitectura saadiana em Marrakech
Madraça Ben Youssef
Fundada pelo sultão merínida Abou Al Hassan, esta importante escola religiosa foi restaurada por Moulay Abdallah, criando a forma do edifício que conhecemos hoje. Do pátio ao interior dos quartos, a beleza deste local desperta os sentidos. De fato, a Madraça Ben Youssef ganha força numa arquitectura de grande coerência, bem como na diversidade de materiais utilizados na sua construção. Sendo um marco cultural do mundo Islâmico, esta madraça foi um lar para estudantes sedentos de conhecimento em várias ciências. A Medersa Ben Youssef era tanto uma universidade corânica quanto uma residência universitária albergando estudantes de África, Médio Oriente e Ásia Central.
Túmulos saadianos
É um dos mais bem preservados legados arquitectónicos da dinastia saadiana, que reinou durante a idade de ouro de Marrakech. Estes túmulos do século XVI foram mandados construir por Ahmad al-Mansur contêm cerca de 60 membros da Dinastia Saadiana. Curiosamente os túmulos só foram encontrados em 1917 daí o excelente estado de preservação. Estes túmulos são um dos monumentos mais visitados de Marrakech. A sala das doze colunas, os túmulos de soldados e servos, bem como o jardim são alguns dos locais importantes desta necrópole real.
Zaouia de Sidi Youssef Ben Ali
Sidi Youssef Ben Ali é um dos Sete Santos de Marrakech, e está enterrado dentro de um mausoléu elegantemente decorado. Moulay Abdallah mandou construir este local, mais um na vasta lista de edifícios erigidos durante os seus dez anos de mandato. Sidi Youssef Ben Ali é também o santo padroeiro dos mendigos e pedintes.
El Mellah
Moulay Abdallah entrega aos judeus expulsos da Península Ibéria, um terreno com 18 hectares nas proximidades do seu palácio em Marrakech. O plano da Mellah foi desenhado por Samuel Sumbal, e o bairro foi centrado numa pequena praça de onde saem quatro ruas principais, formando uma suástica. A mellah saadiana, protegida pelas suas muralhas é um local interessante e diferente da cidade.
Fonte Chrob ou Chouf
Fonte Chrob ou Chouf Fonte Chrob ou Chouf
A Fonte Chrob ou Chouf é uma preciosa construção de arquitectura saadina do século XVI, inserida na lista de património Mundial da UNESCO em 1985.
Este monumento está situado perto da Madraça Ben Youssef tem a fantástica característica de que é ainda usada nos dias de hoje pelas pessoas locais. Pode ir lá beber a água e lavar as mãos. A coroa do topo é feita de madeira em forma de favo de mel e a parede é coberta por telha verde. Encimando o lintel está uma inscrição convidando os transeuntes que passam a beber água fresca e a observar. Em Árabe diz-se “said chrob ou chouf“.
As fontes de Marrakech são construídas segundo o pensamento Islâmico de que a água tem de ser oferecida. Por isso, as pessoas mais abastadas costumavam pagar para construir fontes em diversas partes da medina. Desta maneira, as pessoas mais pobres tinham sempre água para beber.
Grande Mesquita Mouassine
O sultão saadiano Abdallah Al-Ghalib Billah ordena a construção de um vasto complexo religioso e sócio-cultural. O conjunto é construído entre 31 de Agosto de 1562 e 21 de Agosto de 1563. Inclui uma mesquita, um hammam, uma biblioteca, um madraçal, latrinas e, claro, a Fonte de Mouassine. É uma mesquita desenhada em T, com três portas de entrada. O mihrab é uma réplica daquele feito em Córdoba. Na mesquita Mouassine, os artistas saadianos juntaram à decoração, milhares de aspectos ornamentais da sua própria criação, dando um aspecto diferente e ainda mais exótico ao edifício.
Fonte de Mouassine
Classificada como monumento histórico, esta fonte foi construída de acordo com os planos de uma fonte Almorávida, a fonte Mouassine é a maior fonte pública de Marrakech. Desenhada com uma bela composição arquitectónica, a Fontaine Mouassine tem um espaço coberto aberto por três arcadas. A quarta bacia para ser utilizada exclusivamente por homens, não está alinhada com as outras três. Na parte inferior do portal, há uma inscrição em árabe.